Uma prova de que podemos passar por cima das adversidades se tivermos vontade suficiente.
Reportagem: Viviane Oliveira
Foto: João Garrigó
Campo Grande News
Exemplo de força de vontade, determinação e garra, Bruno
Duarte Mello, 20, que perdeu a visão aos seis anos, passou no exame da OAB
(Ordem Os Advogado do Brasil) na primeira tentativa. O acadêmico do 9º semestre
de Direito da Uniderp/Anhanguera afirma que sua meta para o futuro é ser juiz
trabalhista.
Bruno conta que desde agosto do ano passado vem se
preparando para o exame da Ordem. Com material em braile, sistema de leitura
com o tato para cegos, o acadêmico chegava a estudar 11 horas por dia.
Na primeira fase da prova a mãe dele, Sônia melo Francelino,
tratou de providenciar o conteúdo em braile para que o jovem pudesse estudar.
Já para a 2º fase, Bruno solicitou com o autor de um livro de Direito, André
Luiz Paes de Almeida, um arquivo digitalizado.
“Eu estou me preparando desde o primeiro dia que entrei na
faculdade”, afirma, acrescentando que não se acha mais inteligente do que a
média. "Apenas corro atrás dos meus objetivos e quero ser um bom
profissional".
Bruno tem uma trajetória de vida que mostra o quanto é
determinado. Já fez 11 cirurgias antes de perder totalmente a visão, toca
violão, guitarra, luta judô e já foi medalha de prata nos jogos
Parapan-americanos. “Não posso me fechar em um mundo só porque tenho uma
deficiência”, ensina.
Com um sorriso no rosto, Bruno relata que ficou emocionado
quando soube que havia sido aprovado no exame da Ordem, em que tantos
fracassam. “Apesar de estar muito ansioso no dia da prova, eu sabia que tinha
condições de passar”, explica.
Perseverança - Bruno conta que nasceu com glaucoma
congênito, doença caracterizada pelo aumento da pressão intraocular. Ele
enxergou normalmente até os cinco anos de idade, quando perdeu a visão do olho
esquerdo.
Quando completou seis anos, perdeu de vez a visão após
deslocar a retina ao cair da bicicleta e bater o olho no guidão. “Antes de
perder a visão fiz 11 cirurgias, depois que perdi totalmente ainda cheguei a
fazer mais duas, mas não adiantou”, relembra.
Mãe de mais três crianças, Sônia conta que ao saber que o
filho não ia mais enxergar ficou desesperada. “Depois eu vi que precisava ser
forte para ajudar o meu filho. Com o passar do tempo todos nós fomos crescendo
com o Bruno”, afirma.
“A minha alegria não é só porque ele passou no exame, mas
por ver a felicidade estampada no rosto dele. Eu me emociono em saber que Bruno
esta sentindo uma pessoa realizada”, finaliza.
Para atingir seus objetivos, o acadêmico continua com
maratona de estudos e no mês de maio viaja para Recife, onde vai fazer concurso
para analista do TRT (Tribunal Regional do Trabalho).