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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Hamid, o "paquistanês americano" amigo das causas sociais



Reportagem: Dan Barry
Foto: Nicole Bengiveno
NY Times

* Tradução livre e resumida

Na pequena cidade de Reading, estado da Pensilvânia, encontra-se um restaurante da rede Dairy Queen (leia mais sobre a marca aqui) que é um refrigério contra as más notícias dos Estados Unidos - crise financeira, soldados mortos no Oriente Médio, inundações, tornados e a lenga-lenga dos pré-candidatos à presidência daquele país.

A diferença entre os mais de 5 mil restaurantes da rede espalhados pelos EUA está principalmente nas placas e recados feitos à mão que cobrem todo o espaço disponível das paredes do restaurante, todas mencionando alguém cujas raízes não são obviamente holandesas (forte corrente migratória do local), alguém chamado Hamid.

A escola primária de Cumru agradece a Hamid. A escola Mifflin Park idem, assim como a escola Brecknock e o próprio diretor das escolas primárias e secundárias da região. Meninos e meninas escoteiras, presidentes de ligas locais de futebol e baseball; o programa Alerta do Crime e a casa para pacientes adultos com retardo mental - todos agradecem a Hamid.

E lá vem o proprietário, Hamid Chaudhry, no meio de uma jornada de 80 horas semanais. Enquanto serve frangos e sobremesas geladas, ele ouve seu nome por diversas vezes e responde. "Oi Tracey, o cheque está pronto"."Até logo Sra. Brady. Tudo certo em casa?". "Tchau Sr. Rush. Como estava a sobremesa? Mais uma?"

Tanta familiaridade poderia fazer você pensar que Hamid, 40 anos, nasceu e se criou na cidade de Reading. No entanto, o sotaque paquistanês entrega: ele está na Pensilvânia apenas desde 2002, não muito depois da tragédia do 11 de setembro.

Enquanto um casal de funcionários locais acena pela janela, um ex-policial que ele conhece pega um bolo gelado e uma família menonita assídua degusta uma sobremesa do lado de fora do restaurante, Hamid conta sua história.

Ele é o mais novo de seis irmãos de uma família muçulmana de Carachi, no Paquistão. Seu pai, um contador, sofreu um acidente que deixou sequelas físicas e mentais. Sua mãe, uma professora escolar, passou a tomar conta do marido e insistiu para que seu filho fosse para os Estados Unidos, em busca de uma vida melhor. Mudou-se então para Chicago, onde um irmão trabalhava como taxista enquanto estudava para se tornar professor.

Hamid levou muitos anos para se formar em finanças, não apenas por conta das dificuldades com o idioma, mas também porque estava sempre trabalhando. Trabalhou no celebrado Drake Hotel, servindo salada para o ex-presidente Bill Clinton, panquecas de maçã para o ator Jack Nicholson e atendendo as exigências alimentares de uma hóspede chamada Lassie. Foi uma imersão pela cultura norteamericana.

Ele se tornou cidadão americano e empregou-se em Wall Street, mas foi demitido ("não era para mim", ele diz). Em Nova York conheceu sua mulher, formada em Medicina. Depois de se casarem em 2001, eles se mudaram para Reading, onde ela começou a trabalhar no hospital local. Hamid, enquanto isso, reuniu toda a coragem que tinha para fazer uma proposta de compra pelo Dairy Queen local. Quando o dono aceitou a proposta, Hamid teve que raspar suas economias, além utilizar-se de empréstimos e hipoteca para poder pagar ao dono a quantia solicitada. Passou por treinamento e finalmente abriu as portas em 2003. Desde aquela época, sua obsessão em dar um atendimento com "algo a mais" já podia ser notada.

Depois de ter se estabilizado, ele decidiu agradecer à comunidade local. Doou 25% das vendas para a associação de pais e professores. Embora 450 dólares pareça uma generosa quantia, a publicidade gerada para ele não parece correta sob seu ponto de vista.

"Parece que o meu retorno foi maior do que aquilo que doei", justifica.

Em pouco tempo, o restaurante se tornou um centro de encontro para o bem comum. Hamid passou a organizar arrecadações de donativos, tomando para si apenas o suficiente para cobrir os custos. Bom para promover os negócios, mas bom também para o próprio Hamid.

Campanhas de arrecadação de fundos para um pai de quatro filhos com câncer;  para a Children´s Miracle Network;  para times de futebol locais e a liga mirim; para a viúva de um xerife morto recentemente em um tiroteio (e que era cliente regular da loja). Tudo isso Hamid patrocinou e organizou, além de lavação de carros; recolhimento de donativos nas residências; campanha de doação de sangue quatro vezes por ano (todo doador tem direito a uma sobremesa gelada); festas gratuitas em cada escola local assim como a escola da Bíblia dirigida por uma igreja menonita (lembrando que Hamid é muçulmano).

"Meus clientes me proporcionaram bem-estar", explica. "Eles me amparam, então por que não ajudá-los"?

Recentemente, ele ajudou a organizar um evento no próprio Dairy Queen com objetivo de arrecadar fundos para a equipe infantil de natação. Não apenas isso, doou mil dólares, um valor que não foi obtido nem com o resultado final do evento.

Cada cidade tem o seu point: uma estação, uma lanchonete, um café. Em Reading é o Dairy Queen, principalmente por causa de Hamid. Não é incomum que ele apareça nas escolas com doces congelados para os professores. Conhece todo mundo e todos o conhecem.

Hamid considera-se um homem de sorte, e agradece a Deus. Morar na Pensilvânia com a mulher, dois filhos e administrar um restaurante que lhe permite ter muitas amizades - Hamid está em casa.

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