A propósito...

O objetivo deste blog é o de coletar, todos os dias, notícias verdadeiramente positivas e edificantes em prol de um mundo melhor. Colabore para a nossa cura, dedique um tempo para enviar boas vibrações ao planeta! Para entender melhor, leia o Editorial

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós!


Esta estória aconteceu de verdade, mas não foi parar nas páginas de um jornal ou portal de internet, e sim no Facebook. Foi contada por uma grande amiga minha, a Simone, que por acaso também é a protagonista. Com a devida autorização dela, reproduzo o ´causo´ que ela nos deu o privilégio de compartilhar...não pude deixar de lembrar que o apelido dela é Sininho, assim como a fada de Peter Pan. E que era ela quem derramava o pó que fazia Peter Pan voar. E que para Peter voar, precisava ter um pensamento feliz. Para finalizar, Peter Pan também vestia-se de verde. A vida imita a arte?...Não deixe de ler, vale a pena!

No feriado de 15 de Novembro, choveu e fez muito frio em Campo Alegre. Um ninho de tirivas despencou do oco de uma árvore, o que chamou a atenção do meu pai.

Recolocamos os filhotes em uma caixa, que procuramos proteger da chuva, e observamos de longe que os pais continuavam alimentando os filhotes.

Eram seis. No dia seguinte, eram cinco. Depois, quatro. E então, três.

Estavam morrendo de frio.

Tentamos forrar melhor o ninho, mesmo correndo o risco do nosso cheiro espantar os pais. Mas quando fomos lá no dia seguinte, mais um havia morrido.

Decidi interferir, mesmo sabendo que ficariam dóceis, dependentes, que não seria a mesma coisa...não consegui deixá-los lá por mais uma noite. Assim, ao menos, eles teriam uma chance de um dia voarem e fazerem seus destinos por si mesmos, livres.

Nessa noite  em que os dois dormiram a primeira vez em uma caixinha dentro de casa, a chuva caiu ainda mais forte e eu fiquei feliz em ter interferido.

Um deles, o maiorzinho, recebeu o nome de Tistu, porque já tinha as pontas das asas bem verdes. Tistu era mesmo um anjo.

O outro, menorzinho e inquieto, foi batizado de Marty McFly pela Maria Luiza e pela Julia, a quem eu tinha introduzido a trilogia do De Volta para o Futuro no feriado.

Me informei de como alimentá-los, de como proceder para que um dia pudesse soltá-los novamente.

Um mês eles ficaram comigo. Comiam uma papinha líquida morna, dada em seringa, 4 vezes ao dia. Foram criando penas e cores, vermelhas na testa, amarelas no peito, laranjas na barriga e na ponta do rabo, um verde incrível por tudo e um verde azulado nas pontas das asas.


Quando cresceram, troquei a caixinha por uma gaiola, para que eles começassem a ver o mundo, praticar e usar o bico, estender as asas. Deixava-os soltos pela sala da minha casa sempre que podia, para que aprendessem a voar.

E aprenderam. Um sozinho, e o outro tive que ensinar, ou dar o empurrãozinho inicial.

E quando eles estavam voando bem, comendo sozinhos as frutas e sementes, chegou finalmente a hora de devolver a eles o que não era meu para ser tomado: a liberdade.

Abrimos a gaiola em um dia de sol, em Campo Alegre, bem pertinho de onde eles foram encontrados.

E desde então ela fica aberta, com sementes, água e frutas, para que eles voltem sempre que quiserem até que consigam encontrar tudo isso por si mesmos, na natureza.


Tistu voou alto e longe, Marty tentou acompanhar mas voltou e pousou no meu ombro. Fiquei triste, queria que os dois fossem juntos pelo mundo. Mas no dia seguinte, escutei os dois conversando: Tistu voltou cheio de fome, com outras duas tirivas amigas e conversando com seu irmão.

Entrou na gaiola, comeu, descansou, se banhou.

Toda manhã eles saem voando, por vezes ficam nas árvores conversando conosco ou voam com outras tirivas que encontram por aí.

Deram para ir em um comedouro de passarinhos que meu pai deixa no jardim, para desespero dos canarinhos que costumavam se alimentar por ali.

No fim da tarde estão voltando, não sei até quando, para dormir no conforto e na segurança da gaiola que conhecem. Pousam no ombro de quem estiver andando no jardim, como quem diz "leve-me aos meus aposentos, por favor".


Um dia – assim espero –  e aos poucos, esquecerão da nossa interferência, viverão mais entre os pássaros do que entre os homens.

Até lá, vamos contemplando a beleza da liberdade, a perfeição da natureza.

Porque nessa história toda, quem recebeu uma dádiva fomos nós.

*Marty e Tistu são Tirivas de Testa Vermelha ou Pyrrhura frontalis, pássaros da família dos Psitacídeos, e é bastante comum ver bandos de 10, 20 tirivas na região de Campo Alegre. Infelizmente muitos ainda são capturados e comercializados ilegalmente.


Um comentário:

  1. Que lindo, e que honra nossa história aparecer logo aqui, nesse blog que eu tenho tanto prazer em ler e que tanto admiro.
    Estou emocionada! Foi um grande presente de Natal que eu não esquecerei jamais.
    Um beijo enorme e com muita saudade!

    ResponderExcluir