Reportagem: Público
Foto: Jamie Germano/AP
Público
* Reportagem resumida
Mais de seis milhões de pessoas viram o vídeo intitulado
“Pôr a monitora do autocarro [ônibus] a chorar”. Nas imagens os rapazes apelidam
constantemente Karen de “gorda” e “suada”, dizem que ela vai morrer de
diabetes, fazem ameaças sexuais e dizem ainda que ela não tem família porque se
mataram todos "por não quererem estar ao pé" dela. Um comentário que
assume contornos ainda mais cruéis tendo em conta que um filho da
norte-americana se suicidou há dez anos.
A mulher, com uma experiência de 23 anos como monitora,
consegue passar os 10 minutos sem reagir com agressividade, apesar de um dos
rapazes chegar a tocar no braço, para gozar com a sua gordura. No entanto, não
consegue evitar de chorar.
“Assim que soube da Karen Huff Klein e do que lhe aconteceu,
tive de criar uma angariação de fundos para esta simpática senhora”, escreve
Max Sidorov, no seu perfil do site Indiegogo.com, onde se podem criar projectos
de angariação de dinheiro público doado pela Internet.
O norte-americano criou uma página chamada Vamos dar a Karen
– A monitora do autocarro – H Klein umas férias!. “Vamos dar à Karen umas
férias de uma vida, vamos mostrar-lhe o poder da internet e quão boas e
generosas as pessoas podem ser.”
O pedido tinha como objectivo angariar 5000 dólares (3985
euros). Mas, desde há quatro dias que 29.437 pessoas deram ao todo 637.733
dólares (508.335 euros). A angariação vai continuar até 20 de Julho, mas a
história já correu mundo.
O vídeo não teve só impacto na angariação de fundos. Todas
as atenções foram postas em Rochester, um bairro de Greece, cidade com 100.000
pessoas no estado de Nova Iorque. As moradas e os nomes de alguns dos rapazes
vieram a público. Robert Helm, pai de um dos alunos, pediu desculpas pelo
comportamento do filho. “Isto não é a forma como eu criei os meus filhos. Nem
nos meus piores sonhos pensaria que seriam capazes disto”, disse numa
entrevista à televisão.
[...] A CNN conseguiu obter pedidos de desculpa por escrito de
dois dos adolescentes para serem lidos e transmitidos à mulher. “Sinto-me
realmente mal pelo que fiz”, dizia uma das notas, atribuída a Wesley Helm.
“Quem me dera nunca ter feito o que fiz. Se isso acontecesse a alguém da minha
família, como a minha mãe ou a minha avó, ficaria realmente zangado com as
pessoas responsáveis.”
Karen Klein respondeu a estes pedidos de desculpa dizendo
que preferia que tivessem sido escritos directamente para ela. Numa entrevista
à NBC a mulher falou da resposta que obteve: “Recebi estas cartas simpáticas,
emails, mensagens de Facebok”, disse. “É… uáu. Existe todo um mundo lá fora que
não conhecia. É fantástico.”
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